Pesquisar neste blogue

terça-feira, 3 de março de 2009

A nossa história: o final

A história passou por todos e regressou à nossa sala. Não resistimos e quisemos deixar mais uma marca nossa, por isso, acrescentámos um final ao final. Aqui vai então o resto da história, esperamos que gostem!


O LIVRO MÁGICO

Era uma vez um livro que vivia na última prateleira da biblioteca da casa da avó Lucinda.

O livro sentia-se muito triste e sozinho! Nunca ninguém tinha pegado nele para o ler...
Cada dia que passava, o pó na sua capa ia aumentando, as folhas iam ficando amarelas e as palavras iam perdendo a força, ficando desbotadas e sem brilho, tristes também
Este era um livro mágico: pensava, sentia, falava e até se conseguia mexer! Cada vez que entrava alguém na biblioteca, ele abanava para ver se o escolhiam. Mas nada!
Um dia, a Maria foi visitar a avó Lucinda. Estava muito feliz porque já sabia ler e na casa da avó havia um mundo de livros. A avó disse-lhe:
-Vai lá à biblioteca e escolhe um livro!
A Maria foi a correr. Logo que lá entrou, o livro sacudiu-se muito! Como a Maria era muito atenta e esperta e vivia no mundo da fantasia, viu-o logo! “
- É mesmo aquele que eu quero! Mas como é que eu lá chego?!”
A Maria começou por se pôr em bicos de pés e esticar o seu braço magrinho para tentar lá chegar, mas não conseguiu! Pensou então em utilizar uma cadeira de madeira amarela, que estava na biblioteca, mas mesmo assim não resultou. A Maria ainda não chegava ao livro mágico!
A neta da avó Lucinda queria tanto, mas tanto, ler aquele livro longínquo e aquele livro desejava tanto, mas tanto ser lido, que acabou por esvoaçar da última prateleira até às mãos macias da pequena Maria. A menina ficou maravilhada!
O livro mágico era pesado, grosso, tinha a cor do céu e era cravado de pedras preciosas em forma de estrela.
O livro agora já bem perto de Maria adorou a sensação de estar a ser pegado por alguém. Feliz e confortável abanou-se um pouco e numa voz doce e suave disse:
- Abre-me!
Maria curiosa, com as suas mãos macias e num gesto calmo, abriu-o. A primeira reacção da Maria foi ficar assustada mas, rapidamente, percebeu que o livro era especial. O livro tinha vontade própria!
Mal tentou desfolhar o estranho livro, ele abriu-se sozinho numa página com uma floresta fantástica. Sem dar por isso, Maria havia entrado na floresta mesmo ao pé de um riacho límpido e cristalino. À sua volta, viam-se frondosas árvores, flores e muitos animais felizes. Mesmo perto de si, ouvia-se uma vozinha trémula. Maria olhou para onde vinha a voz e descobriu um esquilo bebé que tremia de medo.
Maria baixou-se e aconchegou-o nos seus braços.
- Tem calma, pequerrucho! Eu ajudo-te! Por que tremes tanto? – disse a menina acariciando o esquilo.
- Perdi-me da minha mãe quando fugíamos de um caçador hoje de manhã. Não sei onde está!... – choramingou o esquilo sentindo-se confortável nos seus braços.
- Coitadinho! Vou ajudar-te a procurá-la. – respondeu Maria, fazendo-lhe uma carícia no pescoço.
Maria, cheia de coragem, foi procurar a mãe do esquilo seguindo as indicações do pequenote.
Entrou por um caminho atribulado, com árvores sinistras, sons assustadores, e foi ter a uma caverna onde habitava a Bruxa das trevas. Maria, muito assustada, espreitou pelo buraco que existia por cima de uma rocha, e de repente, viu por entre as teias de aranha, uma bruxa tão feia e tão assustadora que ficou aterrorizada.
- Meu Deus! Que loucura! Uma bruxa tão feia assim! Como vou entrar em diálogo com ela?
Mas, olhando o seu esquilo com um ar tão desolador e tristonho, decidiu comunicar. - Olá, está aqui alguém? - perguntou com voz trémula.
A bruxa, ao ouvir aquela vozinha, logo pensou: “
- É agora que vou conseguir fazer as minhas maldades sem que ninguém se intrometa.”
Com voz doce e simpática, a bruxa chamou:
- Menina bonita, estás a chamar por mim? Vem cá que tenho um delicioso lanche para nós! Então? Não acreditas? Vem, está tudo pronto para ser servido e saboreado!
Maria, sentiu o aroma dos queques e do leite quente com chocolate, e entrou mais confiante. Sentou-se à mesa, com o seu esquilo a tremer ainda, e aos poucos foi provando aquele delicioso lanche.
Estava tudo tão bom, que Maria pensou: “Não deve haver qualquer perigo neste gesto de simpatia e bondade da amiga Bruxa!” Os queques estavam tão amarelinhos e estaladiços! O leite tão da cor do chocolate e a fumegar, que Maria caiu na tentação e começou a provar! Uma dentadinha no queque, um golinho no leite, e assim decorria aquele lanche tão inocente e delicioso!
De repente, sente uma sonolência, e sente uma enorme vontade de se deitar.
“- Hum! Aqui há gato! Algo de estranho se passa.”
Lembrou-se então que na sua bolsa tinha um estojo de primeiros socorros. Logo, sem que a Bruxa desse conta, segredou ao esquilo:
- “Vai dentro da minha bolsa, tira o telemóvel e carrega nas teclas 2,2,7.” “A,C,S”: Antídoto contra o sono.
O esquilo assim fez e logo de seguida, a Maria continuou a segredar-lhe, fingindo que já estava adormecida:
“- Agora carrega na tecla 2 duas vezes. Vá anda depressa!”
Assim aconteceu. “A,B”: Apaga Bruxas. E logo a bruxa, antes de perceber o que se estava a passar, se apagou, quer dizer, adormeceu!
Aí, Maria e o seu amigo esquilo resolveram fazer uma pesquisa naquela caverna. Entretanto, ouviram um ruído vindo do chão, foram verificar, e lá estava a senhora dona Esquila com os olhos cheios de lágrimas e a barriga mais vazia que uma lata. Quando viu o seu filho, a emoção tomou conta de todos e foi aquela choradeira de sempre.
Voltaram todos para o seu lugar, e Maria, saltou do livro, voltando para casa da avó Lucinda.
De repente, Maria ouviu uma voz.
- Maria, está na hora de te levantares! Não vais hoje para casa?
- Avó…, onde está o esquilo e sua mãe?
- Ó minha netinha, adormeceste! Gostaste do livro?
- Que livro avó?
- Nada, nada, são coisas da minha cabeça.- diz a avó sorrindo- Deve ser da idade! Não ligues. Agora vai para casa, que os teus pais esperam-te.
- Até amanhã, avó!
E olhando para o livro, Maria sorriu ao piscar de olho dos seus amiguinhos felizes e gratos pela maravilhosa ajuda.

O sorriso da avó, esse ficou depois da Maria sair e continuou ainda enquanto a avó pensava que a história se tinha repetido, sessenta anos depois...

Sem comentários: